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Europa aposta em seu próprio modelo de IA de código aberto

O avanço da inteligência artificial tem se tornado um dos principais eixos da disputa tecnológica entre grandes potências. Para evitar ficar para trás, a União Europeia anunciou a criação do OpenEuroLLM, um consórcio de empresas e instituições acadêmicas que desenvolverá modelos de IA de código aberto.

A iniciativa é parte de uma estratégia mais ampla de regulamentação e soberania digital, que já coloca a Europa como uma referência global no setor. Confira!

OpenEuroLLM: a aposta Europeia na IA de código aberto

Diante da crescente influência dos Estados Unidos e da China no desenvolvimento de inteligência artificial, a União Europeia decidiu investir pesado para garantir sua relevância no setor. O OpenEuroLLM foi criado como uma resposta direta a essa necessidade. Composto por mais de 20 instituições de pesquisa e empresas europeias, o consórcio tem como objetivo desenvolver modelos de larga escala que respeitem valores e regulações do continente.

A ideia central não é simplesmente criar um novo chatbot como o ChatGPT, mas sim fornecer uma infraestrutura digital robusta que permita às empresas europeias inovarem dentro de um ecossistema próprio. O projeto conta com um financiamento inicial de 52 milhões de euros e já está em operação desde fevereiro de 2025.

Esse esforço é parte da estratégia da União Europeia para garantir sua soberania digital, evitando depender de modelos estrangeiros, principalmente em um cenário de possíveis tensões comerciais com os Estados Unidos.

A regulamentação da Inteligência Artificial na Europa

A criação do OpenEuroLLM acontece em paralelo ao estabelecimento de um marco regulatório sólido para a inteligência artificial no continente. A União Europeia foi pioneira ao aprovar a Lei de IA (EU AI Act), que estabelece regras rígidas para o uso da tecnologia. Diferente da abordagem voluntária dos Estados Unidos e do modelo chinês, que prioriza o controle estatal, a legislação europeia busca um equilíbrio entre inovação e segurança.

A lei impõe requisitos de transparência para sistemas de alto risco e limita o uso de vigilância biométrica em tempo real, permitindo sua aplicação apenas em casos extremos, como prevenção de ataques terroristas. Além disso, empresas estrangeiras que utilizam dados de clientes europeus precisarão seguir as novas diretrizes, tornando essa legislação uma referência global para outros países.

A regulação também tenta lidar com desafios contemporâneos da IA, como desinformação e uso indevido de materiais protegidos por direitos autorais. Com isso, a Europa quer garantir que a inteligência artificial cresça dentro de um ambiente seguro e alinhado a princípios éticos e democráticos.


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Mas, e o Brasil e a Inteligência Artificial?

Enquanto a Europa estrutura sua governança sobre a IA, o Brasil se destaca como um dos países que mais utilizam essa tecnologia no dia a dia. Segundo uma pesquisa realizada pelo Google e Ipsos, 54% dos brasileiros afirmaram ter usado IA generativa em 2024, superando a média global de 48%. O entusiasmo nacional pela tecnologia também se reflete na percepção da população: 65% dos brasileiros acreditam que a IA tem um grande potencial de transformação positiva, índice superior à média mundial de 57%.

A adoção da inteligência artificial no Brasil se dá principalmente no uso de assistentes virtuais, ferramentas de escrita e tradutores. No ambiente corporativo, três em cada quatro brasileiros utilizam IA no trabalho, e 88% consideram seu uso essencial para lidar com informações complexas.

Apesar desse alto nível de engajamento, o Brasil ainda enfrenta desafios na construção de um ambiente regulatório e de inovação na área. Há uma percepção dividida sobre a preparação do país para aproveitar as oportunidades da IA: 54% acreditam que o Brasil está no caminho certo, enquanto a média global é de 63%.

O que podemos esperar?

A corrida pela inteligência artificial está longe de ser apenas uma disputa tecnológica; trata-se de uma questão estratégica para a soberania digital das nações. A Europa, ao criar o OpenEuroLLM e implementar uma regulamentação rígida, tenta se posicionar como uma alternativa entre os modelos dominantes dos Estados Unidos e da China.

Já o Brasil, embora seja um dos países com maior engajamento na adoção de IA, ainda precisa avançar na criação de políticas públicas que garantam uma abordagem equilibrada entre inovação e governança.

Com a rápida evolução da inteligência artificial, é essencial que cada país encontre seu próprio caminho para lidar com as oportunidades e desafios dessa tecnologia. Seja no desenvolvimento de modelos próprios ou na regulamentação de seu uso, o mundo todo está se movendo em alta velocidade – e quem não acompanhar esse ritmo pode ficar para trás.


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